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OPINIÃO: Onde estão os empresários arrojados e visionários que conheci?

Hoje, Santa Maria está fazendo 160 anos, e precisamos avaliar se evoluímos ou paramos no tempo.

No primeiro semestre de 1990, um pequeno grupo de supermercadistas de Santa Maria convidou-me para um churrasco, onde iríamos trocar ideias sobre alternativas para continuar operando como pequenos varejistas de bairro, centrando seu foco no atendimento e relacionamento com clientes. Eu tinha uma boa experiência como gerente de marketing e vendas na rede de supermercados Trevisan, que tinha 37 lojas em várias cidades do Estado e 1.300 colaboradores. Fazia um ano que tinha saído do Trevisan e estava trabalhando com treinamento na área de vendas, palestras e assessoria de marketing para empresas e entidades de classe.

Estavam entrando em Santa Maria as grandes redes de supermercados como Big (Real Kastelão), Supermercados Nacional e, logo depois, o Carrefour. Com muito maior poder de compra e ganho de escala, para ter preços menores e propaganda em grandes veículos de comunicação inacessíveis para eles.

Esse encontro aconteceu na churrascaria que ficava em cima do supermercado Beltrami da Euclides da Cunha, com a participação de seis ou sete supermercadistas. Não me lembro de todos, mas estavam lá o Santo Beltrami, Sergio Copetti, Cremonesi, Braz, Stangherlin e mais dois que a memória me falta. Eram homens visionários em busca de uma solução para manutenção de seus negócios. Todos com negócios pequenos, mas com muita vontade de trabalhar e crescer. Eram econômicos e esforçados. Em vez de me contratarem para uma assessoria, convidaram para troca de ideais e churrasco. Valeu, foi muito interessante.

Depois de muita conversa, disse a eles que não sabia exatamente o que fazer, mas que eles precisavam se unir para comprar em escala, para poder ter preço competitivo de vendas. No varejo, o segredo é saber comprar, se comprar mal não vai conseguir vender. Naquela época ainda não existiam as redes de compras. Existiam problemas legais a serem resolvidos como empresa para comprar para todos.

E precisavam, também, fazer propaganda em conjunto para ratear o custo e competir com os grandes anunciantes. Terminado este jantar, o grupo foi buscando soluções e maneiras de atuar, e por mérito deles criaram algo que ainda não existia no Brasil, foram muito arrojados e criaram, alguns anos, depois a Rede Super de supermercados, hoje um sucesso total, que consegue ter comunicação e preços competitivos. Com grande crescimento de seus participantes, inclusive gerando novas empresas como Rede Vivo e Beltrami Supermercados.

Mas o varejo está mudando de novo e é preciso ser visionário a audacioso novamente. Os supermercados fechados aos domingos estão atrasando o crescimento deles e dos mercados como um todo. Agora em 1º de junho é a hora repensar seus negócios, voltar a abrir, antes que seja tarde.

O e-commerce está chegando, com os smartfones e apps qualquer um pode fazer as suas compras de casa com o maior conforto. Não será necessário abrir mercados em domingo para fazer as compras. Poderá fazer o pedido e ser entregue em casa na segunda, inclusive pesquisando os melhores preços em cada mercado. Pode ser romper o ciclo, e aí será tarde demais para se voltar atrás.

Em São Paulo, a loja Carrefour de Pinheiros já criou um sistema de drive thru, onde se faz a encomenda pelo site e vai buscar com hora marcada no mercado. Na França, esse tipo de compra já representa 10% da venda total da rede. Isto em seguida estará aqui. Estão também impedindo a geração de empregos, e deixando de fazer circular riqueza na cidade e região.

Precisamos dar liberdade para os supermercados e comércio abrirem nos domingos e feriados ou estaremos condenando Santa Maria a viver do passado.

Acordem, empresários visionários que sempre acreditaram no futuro e no trabalho

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